Gestante diz que procurou
atendimento três vezes; na quarta, perdeu o filho.
Para o pai, médicos queriam forçar
parto normal.
Um casal morador de Rio das Ostras,
reclama ter perdido o filho, ainda na barriga da mãe, por causa de uma suposta
negligência médica em três atendimentos seguidos no Hospital Municipal da
cidade. Segundo o pai, o comerciante Marcos Pacheco Steele, de 26 anos, com
nove meses completos de gravidez, sua mulher recorreu ao pronto-atendimento
público com fortes dores, mas os médicos adiaram em mais de uma semana para
fazer uma cesariana. A criança nasceu morta. Em janeiro de 2014, dois casos
semelhantes foram denunciados.
Steele conta que na gravidez do
primeiro filho, a mulher, Rafaella Sales Rodrigues Santos, de 24 anos, foi
acompanhada por médico particular, em outra cidade. A segunda gestação ocorreu
com um intervalo de um ano, quando o casal já morava em Rio das Ostras. Segundo
o comerciante, o pré-natal foi feito na rede pública. “No início, ela estava
até gostando do atendimento na rede pública. No final que foi essa tragédia”,
lamenta Marcos.
O comerciante diz que Rafaella já
vinha sendo tratada com antibiótico, durante a gestação, devido a uma infecção
urinária. No dia 13 de junho, ela foi ao Hospital Municipal reclamando muita
dor, acreditando que poderia ser o início do trabalho de parto. “Ela já estava
com 9 meses e uma semana de gravidez. Não fizeram ultrassom e falaram que a dor
era proveniente da infecção. Mandaram ela continuar com o remédio”, conta
Marcos.
Na semana seguinte a este
atendimento, segundo Marcos, Rafaella voltou ao hospital duas vezes, ainda com
fortes dores. A última foi no dia 20, uma semana após o primeiro atendimento.
Ele afirma que ela foi rapidamente liberada nas duas vezes e que em nenhuma
delas foi feito exame de imagem para verificar as condições do bebê.
Neste último atendimento, num
sábado, Marcos conta que o médico agendou uma cesariana para a segunda-feira
seguinte e medicou Rafaella com um medicamento para aliviar dores abdominais.
“O remédio aliviou a dor. Mas, na madrugada ela retornou muito intensa. Fomos
ao hospital domingo cedinho, um dia antes da data que o médico disse que faria
o parto. Foi quando o médico disse que o bebê já estava morto. Ele disse que
houve descolamento da placenta”, destacou Marcos.
Para o comerciante, o hospital
quis forçar Rafaella a ter um parto normal, mesmo ela tendo sido submetida a
uma cesariana um ano e dois meses antes. “Acho que poderiam ter salvado o bebê
se eles tivessem mais cuidado. É revoltante você não poder ganhar o seu filho num
hospital público”, reclamou.
Trauma prolongado
Marcos destaca que além do trauma
de ver o filho ser retirado morto de seu ventre, Rafaella foi internada, após a
cirurgia, na ala da maternidade. “Ela ouvia um monte de bebês chorando. No
mesmo quarto havia outras mães, com seus filhos recém-nascidos no colo e
parentes comemorando. Duas enfermeiras chegaram a perguntar a ela 'cadê o seu
bebê', num total ato de descuido e descaso”, reclamou.
Hospital nega falha em atendimento
A Secretaria de Saúde de Rio das
Ostras informou que abriu sindicância para apurar o caso, mas afirma que
Rafaella Sales Rodrigues Santos sofreu um Descolamento Prematuro de Placenta
(DPP). Segundo o órgão, o descolamento ocorre quase sempre de forma súbita e,
na grande maioria das vezes, não é possível salvar o bebê. "É necessária a
rápida intervenção médica, dada a hemorragia, para salvar a mãe, o que foi
realizado pela equipe médica do Hospital Municipal de Rio das Ostras", diz
nota da instituição.
Ainda segundo a secretaria, o
exame de ultrassom não foi realizado porque não havia solicitação médica; uma
vez que o diagnóstico era de infecção urinária. A instituição afirma ainda que
o acompanhamento da gravidez na rede pública do município começou somente na
36ª semana de gravidez, o que não configuraria pré-natal.
A secretaria acrescentou ainda que
não houve, e não há, resistência alguma da equipe médica em realizar partos
cesárea. Por fim, garante que a paciente permaneceu na enfermaria junto a
outras mães porque, naquele dia, não havia vaga em outro leito e que o
prontuário só é liberado se o paciente requerê-lo junto à Central de Documentação
do Hospital Municipal.
Dois casos em menos de 15 dias em
2014
Em janeiro do ano passado, duas
mães acusaram o mesmo hospital de Rio das Ostras de negligência na realização
de partos, que resultaram na morte dos bebês. À época, a prefeitura negou que a
equipe tenha negligenciado atendimento devido e afirmou que a taxa de
natimortos na unidade estava dentro do normal.
O primeiro caso ocorreu em 17 de
janeiro. Ana Claudia Santos Oliveira, de 31 anos, grávida do primeiro filho,
afirmou que aguardou atendimento por 40 horas, até que foi constatada a morte
do bebê.
O segundo registro foi no dia 28,
quando a dona de casa Cleide Cristina de Oliveira buscou atendimento para a
filha, Kelly de Olivera, grávida do primeiro filho, mas acabou recebendo
pedidos de desculpa, após a médica constatar a morte do bebê, ainda na barriga
de Kelly.
Este ano, de acordo com o
hospital, só nos primeiros quatro meses, foram realizados 542 partos, sendo o
caso do filho de Rafaela e Marcos Pacheco o único óbito neonatal registrado em
2015.
Fonte: G1
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