O banqueiro
André Esteves foi preso na quarta-feira
passada sob
a acusação de tentar obstruir a Lava Jato
(Foto: Efe)
|
Ele tem tratamento privilegiado na
cadeia: bebe água mineral e almoça bacalhau. O STF transformou sua prisão em
preventiva
Enquanto os demais 138 internos da
Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira (Bangu 8) saborearam no almoço de
sábado moela de frango, arroz, feijão e purê de batatas, na cela do CEO do
banco de investimentos BGT-Pactual, André Esteves, o cardápio não foi tão
trivial.
Preso na última quarta-feira pela
Polícia Federal por tentar obstruir as investigações da Lava Jato, o banqueiro
comeu bacalhau do Antiquarius, um dos restaurantes mais caros do Rio. O ‘mimo’,
que no cardápio varia de R$ 108 a R$ 165, foi levado pela mulher, a ex-modelo
Lilian Esteves, que recebeu do próprio secretário de Administração
Penitenciária, coronel PM Erir Ribeiro da Costa Filho, a distinção de visitar o
marido sem passar pelo périplo exigido das demais mulheres de presos.
Neste domingo, o ministro Teori
Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, aceitou denúncia do Ministério Público
Federal contra o banqueiro, que teve a prisão temporária convertida em
preventiva. Ou seja, por tempo indeterminado.
No sábado, Lilian chegou cedo à
carceragem de Bangu 8, também conhecido por cadeia VIP, acompanhada do advogado
Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Além da autorização para entrar na
unidade sem a carteirinha de visitante, que leva até três meses para ser
liberada, a mulher do banqueiro também não precisou ir a pé, e carregando
bolsas, percorreu de carro os 800 metros que separam a entrada do Complexo
Penitenciário do acesso ao presídio.
No farnel, além do bacalhau, um
dos pratos preferidos de Esteves, que tem babador personalizado no chique
restaurante do Leblon, havia ainda pães, pastas, queijos, frios e até água.
Apesar de Bangu 8 ter uma cantina, onde os presos podem recorrer para variar o
cardápio, o bilionário sequer bebeu água do presídio.
As concessões feitas ao ilustre
encarcerado geraram revolta nas galerias da unidade prisional, onde a maioria
dos 138 presos é composta por policiais civis, militares e bombeiros ligados a
milícias. Alheio à insatisfação dos companheiros de cárcere, o banqueiro ocupa
uma cela de seis metros quadrados — tamanho equivalente a 1% do apartamento de
600 metros quadrados, onde vive com a família, na Avenida Vieira Souto, em
Ipanema, na Zona Sul.
Esteves e o senador Delcídio do
Amaral (PT-MS), que também foi preso na última quarta-feira, são acusados de
arquitetar um plano para facilitar a fuga de Nestor Cerveró, ex-diretor da
Petrobrás, que está preso em Curitiba.
A Seap reconheceu que comandante
Erir deu autorização para Lilian visitar o marido uma única vez, sem a
carteirinha. A secretaria não se pronunciou sobre a entrada de comida e também
não informou se o banqueiro teve os cabelos cortados e fez a fotografia de
entrada no sistema prisional, como é de praxe.
Fama de cadeia VIP
Bangu 8 ganhou fama de cadeia VIP
por concentrar em suas celas presos com nível superior, políticos, policiais,
incluindo o ex-chefe da Polícia Civil Álvaro Lins, e até banqueiros. Antes de
André Esteves, CEO do BTG-Pactual, passou pela carceragem da unidade prisional
o banqueiro Salvatore Alberto Cacciola, do falido banco Marka.
Foi pela porta da frente de Bangu
8 que escapou o miliciano e ex-PM Ricardo Teixeira da Cruz, o Batman, em
outubro de 2008. A fuga facilitada do paramilitar resultou numa investigação
interna, que levou ao afastamento de agentes penitenciários por suspeita de
recebimento de propina para facilitar a saída do miliciano, que foi recapturado
sete meses depois.
Reportagem de Sérgio Ramalho
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!